Mostra Ver-o-Norte

Como a confluência dos rios amazônicos, a Mostra de Cinema Ver-o-Norte é um painel da produção audiovisual contemporânea que expressa o encontro de pessoas, saberes, quereres e a ânsia de desbravamento que compõem a história da porção setentrional do Brasil desde a colonização portuguesa. Ocupada pela ganância de seus primeiros exploradores, em conflito com os povos originários, e a ânsia pelo lucro extrativista sobre  borracha a partir do século XIX, a Amazônia é, como definiu o roteirista francês Jean-Claude Carrière em uma entrevista para o canal Telecine nos anos 1990, o último desafio de decifração da humanidade.

Longe de atingir tal objetivo, a mostra se propõe a exibir, antes de mais nada, a crescente produção audiovisual dos que lá habitam e levam sua representação de imagens para o mundo. Por outro lado, também abre espaço para produções audiovisuais recentes de outros brasileiros e estrangeiros que lá estiveram para conferir de perto a abundância de água, fauna e flora, agora em estado de alerta devido à crise climática patrocinada pela humanidade. Sua logomarca é um Mapinguari, ser do folclore amazônico estilizado pela artista plástica acreana Aglaíze Damasceno, como um totem atento que se ergue da floresta.

Composta por 16 sessões temáticas (31 filmes, entre longas, curtas e médias-metragens), além de uma masterclass, uma sessão-escola, uma contação de histórias da floresta e vários bate-papos, a mostra pretende ser um espaço de compartilhamento da cultura amazônica pelo meio audiovisual sob o lema da diversidade e inclusão. Que sejam bem-vindas e bem-vindos aqueles que não querem saquear a Amazônia, mas têm consciência de que ela é nosso passaporte para o bem-estar no planeta.

Cesar Garcia Lima