Rosana Piccolo, poeta
“Vida desencaixada” tem um único problema: deixa a gente com vontade de escrever crônicas. Logo tudo se transforma em tema possível, tamanha a versatilidade do gênero e a liberdade para expressarmos nossas opiniões sem engessamento. Só agora noto isso. Acredito que o arremate do texto (vale para conto, poema etc.) conta muito na qualidade da escrita. Os seus são perfeitos, já que surpreendentes.
Rosana Piccolo sobre Vida Desencaixada (2024)
D. B. Frattini, escritor
Cesar Garcia Lima é um poeta sensacional e suas crônicas carregam algum lirismo, natural: são crônicas do cotidiano de um poeta. “Vida desencaixada” é a reunião das reflexões extremamente lúcidas de um escritor maduro (pronto para exercer o melhor de seu ofício) e talentoso. (...) Cesar consegue expandir seus textos até o interesse literário de verdade; caminhamos de mãos dadas com o cronista e aprendemos com ele. A memória do nosso tempo depende de autores assim.
D. B. Frattini sobre Vida Desencaixada (2024)
Alexandre Kovacs, escritor
Em tempos sombrios a poesia não pode silenciar, seja exercendo o papel de oposição às fake news, fenômeno recorrente nas redes sociais, como no oportuno poema "Fez que nius" que nos lembra como a política verde e amarela às vezes dá vontade de gritar: "excelências prontas para defender / a própria mediocridade / em dinheiro vivo"; ou no contraste entre a dura realidade cotidiana e a lembrança do pai, eternizado na ausência, como nos sensíveis versos de "Duplo", memórias de um passado já distante: "bem antes desses dias nublados, / em que o mal se confunde / com mandato".
Isaac Melo, poeta
“Bastante aos gritos” surge num momento crítico da história mundial e, conturbado e obscuro, no cenário brasileiro. O livro de Cesar é contundente, neste sentido. Seu conteúdo é um conteúdo eminentemente político, mas vazado numa escrita por excelência poética. Pois, como escreveu Edgar Morin, em “Amor, poesia, sabedoria”, “o poeta tem uma competência total, multidimensional, que diz respeito à humanidade e à política, mas não tem que se deixar subjugar pela organização política. A mensagem política do poeta é de ultrapassar a política.” Sim, é isso que, magistralmente, Cesar Garcia Lima faz. O poeta está constantemente falando sobre política sem, no entanto, mencioná-la explicitamente um só instante.
Sobre Bastante aos gritos (2021)
Iacyr Anderson Freitas, escritor
Gostei muito do seu livro, muito mesmo! Parabéns! A edição, inclusive, ficou belíssima, à altura da sua poesia. Palmas para a 7Letras também! Espero que seu livro encontre muitos leitores, (...) aqui e alhures, sempre!”
Iacyr Anderson Freitas sobre Bastante aos gritos (2021)
Lila Maia, poeta
“Bastante aos gritos” me tocou profundamente. O livro todo ficou bonito. E o primeiro gesto foi levá-lo para bem perto do meu coração. Como sou completamente canhota, tudo para mim começa e termina no lado esquerdo, deixei que ele ficasse nesse lado esquerdo, por alguns instantes, antes de abri-lo. Alguns poemas são criativos, inteligentes, como esses versos do “Amor Cru”: Uma tarde/em certa churrascaria tradicional/ele tentou matar/o amor. Ou o poema “Sátiro”: ah a liberdade das escarpas/ah a prisão dos braços/o gosto dos pés se diluindo na boca......... escolhe o amor pelas patas. E tem o “Infortúnio Crítico”: Não pergunto sobre o livro/certamente não lido/com dedicatória e tudo/ meu livro não é meu/e o não leitor tampouco quer/essa lírica miúda/chegada a santos/poética de iniciação/com atalhos e descidas./Não tenho pena dele/Inocentes não leem/publicam. Nesse livro, (conheço os outros livros do Cesar), o vejo de forma corajosa buscando outros atalhos, querendo a claridade, a sombra e por que não a escuridão? Escrever é um pouco de tudo isso, mas pode ser também, o beija-flor parado por instantes no ar. Estaria por acaso beijando o vento?
Lila Maia sobre Bastante aos gritos (2021)
Cristiano de Sales, professor de literatura
Poesia acaba que seja um pouco disso mesmo, tentativas de mostrar que gritos são feitos de “silêncios guardados” e que a aparente “conversa tranquila”, a água calma, dissimula complicadas profundezas. (...) O agora de “Bastante aos gritos” é a potência maior dos versos que compõem o livro. É dessa percepção do tempo presente que surgem versos como o bonito “continuar sempre demora”.
Cristiano de Sales (Jornal Rascunho) sobre Bastante aos gritos (2021)
Antonio Carlos Secchin, poeta
Hoje percorri poemas ao acaso, me deparando aqui e acolá com a sombra benigna de Drummond (mas reprocessada em dicção própria), a leveza, a sutil ironia ("Coliseu"), a incisiva leveza no olhar social ("Vale-transporte da poesia"). Parabéns! Também gostei de você ter incluído Jorge Wanderley no elenco dos agradecimentos.
Antonio Carlos Secchin sobre Trópico de papel (2019)
Armando Freitas Filho, poeta
Foi de um gole:
irmão paulista
parecer
hilda hilst
perdida no noticiário
coliseu
a cortesã
don juan
noite escura
oráculo
vitral
luzes sobre bagdá
linha do tempo
natalidade
meu tio da américa
enredado
um corpo que cai
dia das mães
a vida interior das bonecas
russas
marcador
arquelogia
devir
sacrário
centúria
claro: foi esta a primeira leitura. mas o que me impressionou mais foi a coesão deste livro; deste livro que pede releituras sem desanimar o leitor. os poemas não marcados não sofrem não. eles estão parelhos com os outros pode crer. em outras leituras vai haver empate abraço e aplauso.
Armando Freitas Filho sobre Trópico de papel (2019)
Luiz Ruffato, escritor
Gostei muito dos seus poemas. E os poemas-postais, além de tudo, são um primor de edição.
Luiz Ruffato sobre Este livro não é um objeto (2006)